quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pelo Tratamento sem Segregação

Um tratamento não é digno se o mesmo não levar em conta princípios éticos, de cidadania e de respeito ao ser humano.
Confira abaixo o Manifesto do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Em seguida, o endereço para aderir ao manifesto.


Drogas: pelo tratamento sem segregação
O debate sobre o tema das drogas vem ocupando todos os espaços sociais, não permitindo a nenhum cidadão mostrar-se indiferente ou alheio. Da mesa do jantar às rodas de conversa no trabalho, das escolas aos becos, do zum-zum no transporte coletivo aos gabinetes políticos, da polícia à igreja, da imprensa às praças públicas e às casas legislativas, um mesmo tema: a droga.
As conversas giram sempre em torno da receita para o “que não tem receita, nem nunca terá!” Não é mera poesia, é do humano não caber em receitas. Mas, neste caso, a receita para o que escapa à norma foi dada. A prescrição médica, psicológica, jurídica, social e política sentencia: fora de nós, fora da civilização, rumo aos confins do humano. Sem compaixão com a dor e, sobretudo, sem respeito à cidadania do outro, mas também à nossa, este veredicto arbitra sobre a questão de modo único, total e violento. O que ele revela sobre nossa sociedade?
O modo como o debate é feito – barulhento, autoritário, monotemático – faz pensar que muito se fala para que não se veja, no espelho da pergunta, o retrato de outras mazelas e injustiças, ainda não superadas: a falta de escola, a fome, a ausência de trabalho, de cultura, de lazer e de moradia para todos, para ficar nas mais recorrentes formas de violação de direitos, convivem lado a lado com novos problemas e são indicadores de fragilidades sociais que retratam a perpetuação da má distribuição da riqueza coletivamente produzida. A inserção das pessoas que vivem a ausência de direitos nas redes do tráfico tem como resultado esse cruel mercado de trabalho para jovens, crianças e adultos pobres.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vem a público declarar a legisladores, gestores, juízes, promotores, especialistas e à sociedade sua posição: não há saída para o sofrimento humano – seja este consequência da submissão do homem a um objeto químico ou não – fora da cidadania. Não há pos­sibilidade, senão no laço solidário e ético com o outro, para a invenção da humanidade de cada um.
Como ator histórico e ativo em lutas pela defesa da cidadania dos loucos, das crianças e adoles­centes, entre outros sujeitos marginalizados, o CFP tem trabalhado pela construção de políticas públicas efetivas que teçam a rede de suporte necessária à superação de diferentes fragilidades e vulnerabili­dades sociais. Nosso compromisso ético-político é com a construção de uma sociedade efetivamente justa e democrática. Sociedade capaz de ofertar a seus membros as condições para o exercício de uma vida digna e com horizontes. Tal sociedade produz mais escolas que cadeias, mais praças que espaços de segregação e exclusão, mais cidadãos que restos sociais.
Muitos oferecem à sociedade tentadoras e ilusórias propostas de solução para algo que não surgiu hoje. O laço entre o homem e a droga não é novo, nem são novas as propostas de solução que projetam na exclusão o remédio. Requentando um modelo antigo e autoritário, o da segregação, a sociedade e o Estado brasileiros desrespeitam sua melhor e mais bela conquista: a aspiração à cidadania como solo de direito para todo homem e toda mulher deste país.
Por defender a democracia duramente conquistada, recusamos que se desrespeite a voz e a decisão da sociedade, em nome dos clamores de alguns. Por isso, conclamamos os gestores públicos federais da saúde e de todas as políticas públicas a respeitar as decisões da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, não impondo à rede de saúde a filiação às comunidades terapêuticas, instituições que, muitas das vezes, em nome do bem do outro, violam direitos, maltratam e violentam o corpo e as vidas daqueles de quem querem cuidar.
Com coerência e respeito, a Reforma Psiquiátrica e o Sistema Único de Saúde ensinam ao país que a saúde não é objeto mercantil, não se vende nem se compra. É direito e garantia constitucional e deve ser instrumento de libertação, não de segregação.
O coletivo que faz a Reforma Psiquiátrica no país já assumiu a responsabilidade que lhe cabe nesta questão: o cuidado em liberdade com os usuários de álcool e outras drogas. Com as tecnologias de cuidado inventadas pelo processo de desconstrução do manicômio, propõe a criação de uma rede diversificada e territorializada de serviços que ofertem cuidados desde o momento mais grave, das urgências clínicas e psiquiátricas, com criação de leitos em hospital geral para os quadros de intoxicação e de abstinência grave, a implantação de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), das Casas de Acolhimento Transitório (CAT), de equipes de Consultórios de Rua, de equipes de saúde mental na atenção básica, entre outros.
Além dos recursos sanitários e de atenção psicossocial, o coletivo da Reforma Psiquiátrica reafirmou a necessidade da criação de políticas e serviços de proteção e suporte social como medida para enfrentar fragilidades decorrentes das ameaças à vida, da ruptura de laços e da falta de apoio sociofamiliar.
Sem temer o homem e sua droga, não nos afastamos do outro pelo “veneno” que lhe proporciona prazer e dor. Tememos, sim, a ditadura da segregação como modo de tratar, a prática da higienização social, que sequestra homens e anula direitos; tememos e repudiamos a guerra às drogas, que mata muito mais que o inimigo que elegeu: as drogas; tememos e não desejamos que o encarceramento dos jovens seja a única solução proposta para os que se envolvem com o tráfico e não queremos assistir à perpetuação da desigualdade social como futuro único para tantos e responsável pelos milhões de vidas miseráveis e escravas da precariedade e da falta de oportunidades.
Queremos ver o Brasil fazer valer os desejos que deram origem ao Estatuto da Criança e do Adolescente, à lei de Reforma Psiquiátrica, com a assunção de crianças, adolescentes e loucos ao campo da cidadania; ao Sistema Único de Saúde que inaugura a escrita da saúde como direito de todos e dever do Estado e a propõe como suporte de cuidado e construção da cidadania. Queremos um país democrático e, por isso, justo, digno e lugar de exercício da responsabilidade de todos e de cada um, no qual o lugar das diferenças seja dentro, e não em seus confins e exílios.

Para aderir ao manifesto, clique aqui.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Devires Notícias: n.01

A Devires firmou convênio com o Conselho Regional de Administração (CRA-BA) e o Sindicato dos Administradores do Estado da Bahia (SINDAEB).

O convênio tem como beneficiários os Administradores inscritos no CRA-BA e/ou filiados ao SINDAEB, bem como empregados das duas instituições.










Para mais informações:
(77) 3421-6414
devirespsicologia@gmail.com
www.cra-ba.org.br

Eventos: II Congresso Nacional Diversidade, Ética e Direitos Humanos

O II Congresso Nacional Diversidade, Ética e Direitos Humanos acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de junho em Itapetinga e terá como tema gerador "Compromissos e desafios das Políticas Públicas em Educação e defesa dos Direitos Humanos."

Inscrição/ouvinte: 20 reais

Para mais informações:
http://iicndedh.blogspot.com/
http://www.uesb.br/eventos/cndedh/index.php

domingo, 5 de junho de 2011

Como conferir se um psicólogo tem registro profissional

A prisão de uma falsa psicóloga que atendia crianças autistas no Rio de Janeiro levou a uma questão importante: Como saber se o psicólogo tem registro profissional?
Para que o psicólogo possa atuar é necessário que ele esteja inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) da sua região.
Qualquer pessoa pode entrar em contato com o CRP para conferir se o psicólogo possui o devido registro.
No caso da nossa região, essa consulta é feita através do CRP-03, que está sediado em Salvador (BA), no bairro da Federação - Rua Aristides Novis, nº 27 e também possui um escritório em Vitória da Conquista (BA), na Rua Siqueira Campos, nº 646, Casa do Médico, Bairro Recreio.

Telefones:
Salvador (Sede do CRP-03): (71) 3247-6716 ou 3332-6168
Vitória da Conquista: (77) 3422-5820
Site:
http://www.crp03.org.br/

terça-feira, 12 de abril de 2011

Acompanhamento psicológico nos processos cirúrgicos

A partir da necessidade de uma intervenção cirúrgica, são despertados componentes pessoais complexos no paciente, especialmente as reações de ansiedade e medo, que objetivam prioritariamente proteger o organismo de algo que é considerado perigoso.
A avaliação que cada paciente faz a respeito do evento cirúrgico, depende da relação que o mesmo estabelece com o mundo e com o próprio corpo. Geralmente, quando o paciente recebe a notícia da necessidade de uma cirurgia, é possível que sua atenção se volte de forma quase exclusiva para as implicações desse evento em sua vida, e a depender do modo desenvolvido pelo mesmo para lidar com tal situação, as reações decorrentes desse evento podem desencadear efeitos negativos no processo de recuperação.


- Qual a importância de um acompanhamento psicológico no processo cirúrgico?
A situação cirúrgica requer que o paciente desenvolva meios de lidar com a situação. Vários fatores perpassam esse evento, como as reações do paciente diante do diagnóstico, a urgência da cirurgia, as características da doença, a gravidade, os sintomas produzidos, a vulnerabilidade, dentre outros aspectos que promovem uma ruptura com o cotidiano e uma necessidade de elaboração da situação vivida.



- Quais as implicações psicológicas na recuperação após cirurgia?
O estado psicológico em que o paciente se encontra, a depender da sua configuração, promove mudanças biológicas e fisiológicas e pode converter-se num fator de risco para a recuperação. Quanto maior o nível de estresse de um paciente antes de cirurgia, maior a demora no processo de cicatrização, maior a debilidade no sistema imunológico, e o paciente pode demonstrar-se pouco colaborador com os procedimentos médicos.


- O que é a Psicoprofilaxia Cirúrgica?
Como o próprio nome sugere, a Psicoprofilaxia Cirúrgica tem caráter preventivo, e uma de suas principais finalidades é amenizar o impacto que geralmente é provocado pela cirurgia no psiquismo no paciente. Dessa maneira, objetiva-se diminuir a probabilidade de que aconteçam complicações posteriores, atuando na promoção de bem-estar e capacidade de enfrentamento.


- Qual pode ser o papel do psicólogo no campo cirúrgico?
O psicólogo pode atuar nas três etapas do processo cirúrgico:
Pré-cirúrgico: Proporcionar formação, trabalhar maneiras de lidar com a situação, trabalhar formas de diminuir a ansiedade.
Pós-cirúrgico imediato: Desenvolver programas que auxiliem o paciente a lidar com a dor, trabalhar a ansiedade pós-anestesia.
Pós-cirúrgico: Potencializar a recuperação física, dar suporte aos sentimentos decorrentes da situação de vulnerabilidade, fortalecer a aderência do paciente ao tratamento médico.